A balança comercial brasileira registrou em abril superavit de US$ 881 milhões, segundo dados divulgados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). O saldo positivo é resultado das exportações de US$ 19,566 bilhões e importações de US$ 18,685 bilhões.
A média diária dos embarques externos ficou em US$ 950,5 milhões, valor 7,9% abaixo do resultado de abril de 2011. A média diária de importações foi de US$ 963,8 milhões, o que representa queda de 3,1%, ante o mesmo período do ano passado. No acumulado de janeiro a abril, as exportações somam US$ 74,646 bilhões e as importações, US$ 71,328 bilhões, um superavit de US$ 3,318 bilhões.
Em abril, houve queda na média diária das exportações nas três categorias de produtos: semimanufaturados (-19,2%), básicos (-7,2%) e manufaturados (-4%). A redução nas vendas internacionais de minério de cobre, café em grão, minério de ferro e carne suína, contribuiu para o menor resultado de 2012.
Nas importações, pela média diária de abril, retrocederam as compras internas de bens de consumo, matérias-primas e intermediários, além de bens de capital. Por outro lado, houve aumento nos gastos com combustíveis e lubrificantes.
Aquecimento
O aquecimento da economia interna brasileira é responsável pelo aumento nos gastos em compras internacionais, avaliou ontem o secretário executivo do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Alessandro Teixeira, ao divulgar os dados da balança comercial. "A dinâmica da economia interna tem sido mais forte que da economia externa. É normal que a importação continue elevada, já que importamos bens necessários para a produção de bens finais, que têm mantido a economia brasileira", disse.
Diante de um cenário de instabilidade econômica internacional, é "normal" que o Brasil sinta dificuldade nas exportações. "É normal que o front externo esteja com maior dificuldade porque (a economia) da Europa é ponto de interrogação, (economia) da Ásia é ponto de interrogação e a dos Estados Unidos está se recuperando agora", explicou Teixeira.
O secretário executivo acredita que a meta de exportações de US$ 264 bilhões do governo para 2012 é compatível com o atual cenário. "Nossa previsão de aumento de 3,1% é realista com o cenário difícil. Nossa análise é muito pé no chão. Não é meta fácil, vamos ter que colocar esforço razoável, mas é meta factível. Se melhorar o cenário, a tendência é crescer (a estimativa), e acho difícil o cenário piorar", disse. No ano passado, a meta foi US$ 257 bilhões.
Argentinos
As exportações brasileiras para a Argentina caíram 27,1% em abril em relação ao mesmo período do ano passado. A redução das compras argentinas de produtos nacionais tem preocupado o governo brasileiro, que negocia uma reunião com Buenos Aires ainda este mês. Na média diária, os exportadores brasileiros venderam US$ 67,6 milhões para o país vizinho. A participação da Argentina nas compras brasileiras caiu de 8,7%, em 2011, para 6,9%, neste ano. A queda pode ser atribuída à intervenção prévia, por órgãos estatais, exigida para a entrada de qualquer produto no país desde 1º de fevereiro.